Problemas de Português na Kombi.

Minha vida anda uma confusão, que até as agruras do transporte urbano, tem ficado em segundo plano, aliás, tenho usado os longos períodos de busão (e similares) pra pensar na minha própria rotina. Desconecto.

No entanto, certos absurdos rompem qualquer silêncio ou são mais altos que qualquer barulho: Estava eu em Madureira, dentro de uma Kombi, caindo aos pedaços, 4 bundas onde só caberiam 3 (clássico). O incômodo já era suficiente. Mas como diria o bom e velho Murphy: “Desgraça pouca é bobagem”.

Atrás de mim duas mulheres iniciam a conversa:

- Você sabe que até hoje eu não sei se é pOBREma ou pLOBLEma que se diz, menina
- Olha, eu não tenho certeza, mas eu falo assim: Quando é ploblema de Matemática, cálculos essas coisas eu falo ploblema; agora quando são pobremas da vida, aí eu digo pobrema, né?!

Olhei pra trás. Claro que olhei. Duas mulheres que eram o dobro de mim (o que nem precisa de tanto esforço, mas sempre me faz pensar duas vezes) e as caras que não escondiam a força no braço... Eu que não ia pagar para ver. Embora vermelha, segurei o riso (e as "partes", alguma dúvida que seria uma daquelas gargalhadas que gera incontinência?!).

- Moço, pelo amor de Deus, pára aí onde der.

Desci da Kombi sem me agüentar. Não me lembro de ter rido tanto com um absurdo ouvido por aí. Minha consciência social disse que deveria ter sido mais desprendida e acendido a luz da sabedoria de ambas, mas será que elas entenderiam meu espanto e esperariam eu me recompor do susto para tal bem feitoria?! Aposto que não. Fica a boa história e o registro infeliz do ensino do nosso país.