Errado.
Meus poderes para ouvir a conversa alheia são infinitos.
No banco de trás dois sujeitos conversam:
- Cara, minha mulher tanto me perturbou que eu fui a igreja lá do pastor dela...
Silêncio (Quer dizer, lataria do ônibus batendo). Ele continua...
- Chegou na hora da sacolinha o pastor falou assim “quem tem doa, quem não tem, tira”. Quando o saco chegou na minha fila de bancos, fiquei sem jeito, porque não tinha meRmo o dinheiro pra dar.
- Por isso que eu não vou nessas igrejas. A gente se sente intimidado. Tu fez o quê?
- Aí que o pastor ficou lá parado, com a sacola olhando pra mim: “Que foi irmão, não tem pra dar? Eu sem jeito, sacudi a cabeça que não. E ele mandou eu tirar. Fiquei desconfiado com aquilo, né?! Mas ele: vamo irmão, mete a mão e tira...
- Tu tirou?
- Depois da insistência, todo mundo olhando pra minha cara na igreja, meti a mão na sacola tremendo e, tirei uma moeda.
- Ah, o pastor então era gente boa, cara.
- HUM. Quando estava com a moeda na mão, perguntei a ele: “E agora?” e ele respondeu: “agora você já tem dinheiro, coloca na sacola que Deus vai te abençoar”. Espeeeeeerto.
Meus infinitos poderes para ouvir a conversa alheia no ônibus, ainda me coloca em maus lençóis, porque claro, que eu ri alto. Mas ao menos dessa vez, não estava sozinha. Ninguém esperou um ponto a frente para começar a gargalhar.