Se eu chego às 06h50, ele passa às 07h15. Se eu chego às 07h10, ele passa às 07h40. E se eu chego às 07h40? Ligo e aviso que só vou trabalhar na parte da tarde, porque até esperar outro e sabendo que ele vai catar corno por Vista Alegre, Cordovil, Brás de Pina, Penha até chegar ao mega entupimento (porque engarrafamento foi mais cedo) da Av. Brasil, é certo que só pego o turno depois do meio dia.
De carro o trajeto leva 30 minutos, na pior das hipóteses, mas dentro do 349, que além de não ter horário, só tem carros que não ultrapassam os 20km por hora, é quase uma viagem até Macaé. Agora, claro que se não tem uma periodicidade, quando o maldito aparece no ponto, desafia a Física e TODOS os corpos tem que dar um jeito de ocupar o MESMO lugar no espaço. Segurar? Não precisa. Vamos todos mesmo uns encostados nos outros, porque nenhuma trepidação nos deixa sair do lugar (triste é quando ainda tem gente que toma a cachacinha de café da manhã ou exala aroma do perfuminho barato de farmácia odor melancia).
Nesse cenário caótico, entra uma distinta senhora. Muito bem penteada, óculos escuros, saltos mega altos, bolsão a tira colo; em uma das mãos, pasta, 2 sacolas de papel (1 pequena e 1 grande) e, na outra mão um transporte de animais com um pobre bichano dentro.
Felizmente, era meu dia de sorte. Consegui ir sentada. O busão ficou entupido em alguns pontos a frente. Como cantava o Tim Maia: “Na vida a gente tem que entender, que uns nascem pra sofrer, enquanto o outro ri”. Foi bem o caso. O ônibus cheio, a senhora foi a última a entrar, quando ela terminou de subir, o motorista, claro, deu aquela arrancada suave, que todos conhecemos....
Foi bolsa pra todos os lados. A mulher caiu de pernas pro ar, em cima do motor, ao lado do motorista. Ela só agarrou o gato, que miava desesperado dentro da caixa. As bolsas de papel, tinha era treco dentro, tuuuuuuuuudo espalhado pelo ônibus. E toca de aparecer mão catando coisas, segurando a mulher... Que, claro, até esqueceu do salto e disparou toda a classe de palavrões e adjetivos e advérbios que eu conheci na Língua Portuguesa.
Encolhi no meu canto e ri de mais (até porque se levanto, perco meu lugarzinho raro e santo). Tem gente que gosta de sofrer. Hora do Rush é hora de meter um gato dentro do ônibus, gente?! Eu que não sou trouxa, ando de ônibus com meu bom All Star e levo meu sapatinho fino na bolsa. Técnicas de sobrevivência.
Visite também: Mulheres à la Carte e Fê da Vida
8 comentários:
Qualquer semelhança com minha pessoa, não é mera coincidência, td mundo sabe q ando de salto alto, e com min ha casa, na bolsa e na mala, pendurdos nos meus ombricos: pq eles são ombros de pre adolescente, magrelo; portanto, nenhuma bolsa para pá.
Ai ai, esta é mais doida que eu!!!
Pow gato na hora do rush???
Ou a mulher é pheena para não saber q "NÃO PODI", ou ela é cientista e queria desafiar a lei da física e comprovar que DOIS CORPOS OCUPAM O MESMO LUGAR NO ESPAÇO, Mas segurando um gato não dá. Talvez na próxima ela deve ir sem o bichano.
Pô,e eu que pensei que fosse um belo espécime da raca humana.Quê decepção rs rs.pegar busão reconhecidamente lotado com um bichano é louca heim?!
Eu não costumo rir da desgraça alheia, mas do jeito q vc contou, eu não me contive. Deve ter sido hilário!
hahahahaa...adorei...muito bom mesmo...Fernanda...vc é boa em contos de busão...rss...adorei mesmo...
Caramba!!! 349 boladão cata-corno!!! Nasci e fui criado em Vista Alegre. Saudades daquele lugar...
Féfis, eu rialto! Ainda bem que tava sozinha no escritório!
Adoro suas histórias!
Gente!
Enfim alguém para compartilhar esse sofrimento do 349. Jesus! Tô começando a crer que o número do ônibus é a meta de lotação do motorista e também o número de orações que fazemos no trajeto...
Adorei o texto.
Bjos!
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