14 de outubro de 2009

No fundo do baú também se faz ponto

Por mais que a gente reclame muito dos malditos (e escassos) transportes urbanos, a verdade é que nem sempre é dia de caça. Por vezes, mesmo que raras as vezes, somos também caçadores. E daqueles bem sem noção.

Eu era ainda adolescente - mas uma memória dessas, não se apaga da nossa lembrança, parece mesmo que foi ontem -, morava na Freguesia, em Jacarepaguá. Estava indo para o Centro da Cidade, acompanhada da minha irmã do meio. Até que esse trajeto não era um dos mais difíceis de se fazer, visto que morávamos bem na subida da serra Grajaú/Jacarepaguá, o que facilitava muito achar transporte. Porém, estávamos atrasadas para o tal compromisso e, nessas horas é sempre Murphy que fala mais alto: nem ônibus, nem táxi, nem Van passavam por ali.

Mais de meia hora em pé esperando... Tic Tac Tic Tac... Nada

Nesse momento, minha irmã com seus olhos de águia, avista uma van, parada em um sinal bem distante. Já se posiciona no meio-fio, mantendo o braço bem esticado, que era para não ter dúvida que ela pre-ci-sa-va embarcar naquele carro. Urgente!

Quando a Van pára e abre a porta... Surpresa! Lá estava Murphy ocupando todos os espaços. Só havia uma vaga. Claro, todo transporte que demora, quando vem, você terá que esperar o próximo.

- Ai, gente! Alguém vai descer agora? Preciso ir com a minha irmãzinha (essa sou eu, a caçula, não me tornei adulta pra ela aos 30, que dirá aos 15).

Claro que ninguém ia descer. Vamos recapitular? Estávamos na subida da serra, ou seja, só vai descer quem chegar lá do outro lado.

Ela olha inconformada. Olha. Olha. Olha. Aponta um senhor perto da porta

- Moço, o senhor está com muuuuita pressa?

Olhar de dúvida.

- Sabe o que é? Estou com hora marcada, meia hora atrasada já, esperei aqui a beça com minha irmãzinha, mas só veio essa Van. Se o senhor puder nos ceder o lugar fico agradecida.

Eu estava esperando ela dizer: “é que o senhor é velho, deve ser aposentado, dá indo pra cidade consultar o geriatra e isso pode esperar”. E, podem apostar que ela é bem cara de pau para isso.

O velhinho ainda não muito convencido, solta um “tudo bem”. E ela na mesma hora:

- Vem, pode vir. Ajudo o senhor a descer. Já pagou a passagem? Olha, ta aqui o dinheirinho, viu?! Deus lhe pague, porque tenho que ir nessa van com a minha irmãzinha.

Eu? Em pé na porta, olhando a cena. Sem saber se queria sumir ou se pedia licença pra rir. Como o resto, não acreditava no que acontecia ali.

Ao que ela vira pra mim, depois de gentilmente embarcar o velhinho e diz

- Ta esperando o que? Sobe, filhinha. Vai que o pessoal tá com pressa também.

Subimos. Som da porta batendo. O motorista arranca. Todo mundo na van vai olhando o senhor desembarcado pela janela... Ele vai sumindo na curva e todo mundo cai na gargalhada. Como quem acabou de ver uma cena de comédia daquelas bem pastelão.

Ela olha pra mim e diz:

- Qual foi a graça? Não entendi. Tô com pressa, pô.

É. Eu ainda tive que explicar a piada.

3 comentários:

Ma Albergarias disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Se sa cio nal!!!

danielblanco disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK #aosmontes

Essa foi D+.

Teani Freitas disse...

Eu passei mal com essa!! Sua irmã é a melhor! Virei fã dela! Tadinho do velhinho... rs


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